Há quase três meses, em 1º de junho, o deputado estadual Douglas Garcia, do PTB, um dos principais aliados de Jair Bolsonaro em São Paulo, pediu a seus seguidores no Twitter que lhe enviassem os dados de ativistas antifascistas (em resumo, qualquer ativista que se opusesse ao governo de seu presidente). No dia seguinte, Garcia, orgulhoso, postou um vídeo em seu Twitter com imagens (borradas) da lista que teria compilado com dados de centenas de ditos antifascistas ou “antifas”. O deputado também recebeu fotos de Vampeta pelado, mas essa é outra história.
Em 4 de junho, mais um vídeo do deputado com um calhamaço de papéis anunciando que iria fazer BOs contra os “antifas” da lista – que seria entregue à Polícia Federal. Ele novamente pediu aos seguidores para que enviassem a ele nomes de perigosos “terroristas”.
Enquanto Garcia comemorava a compilação da lista e pouco antes de dar um chilique jurando inocência, recebi de um amigo, pelo WhatsApp, uma cópia do documento… e lá estava meu nome. Não só o nome, mas fotos, e-mail e, o que mais me preocupou, meu CPF. Por morar fora do Brasil meu primeiro pensamento foi o de que não deveria me preocupar muito, mas imediatamente me lembrei que tenho família e amigos no país e que, oras, não quero ficar olhando por cima do ombro ao visitar meu próprio país com medo de ser atacado por algum dos amigos do deputado.
Texto completo no site do The Intercept Brasil. Publicado em 22/08/2020.
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